domingo, 5 de fevereiro de 2012

JUNTO DA CRUZ, MAS LONGE DE CRISTO!


Houve um jogo de dados aos pés da cruz, você lembra?

Imagine esta cena. Os soldados estão reunidos em círculo, com os olhos voltados para baixo. O criminoso acima deles foi esquecido. Eles jogam dados para ver quem ganha algumas roupas usadas.

A túnica, o manto, as sandálias, tudo vai ser sorteado. Cada soldado arrisca sua sorte no chão duro, esperando aumentar o seu guarda-roupa às custas de um carpinteiro que está morrendo na cruz.

Fico me perguntando como essa cena deve ter parecido aos olhos de Jesus. Ao olhar para baixo, para além de seus pés sangrentos, vendo o círculo de jogadores, o que Ele pensou? Que emoções sentiu? Deve ter ficado surpreso.

Ali estavam alguns soldados comuns testemunhando o evento mais incomum do mundo, e nem sequer sabiam disso. No que se refere a eles, é apenas outra manhã de sexta-feira e Ele não passa de outro criminoso. 

- “Vamos depressa, é a minha vez!”
- “Está bem, está bem – esta jogada é pelas sandálias.”

Jogando dados para ganhar as coisas de Cristo. Cabeças e olhos baixos. A cruz esquecida.

O simbolismo é surpreendente. Você está percebendo?

Ele me faz pensar em nós. Os que reivindicam a herança da cruz. Estou pensando em todos nós. Cada cristão na terra. Os cheios de si. Os permissivos. Os estritos. Os simples. A igreja superior, a inferior. A “cheia do Espírito”. Os milenaristas. Os evangélicos, os católicos, os políticos, os místicos. Os cínicos.

Roupas cerimoniais. Colarinhos. Ternos de três peças. Nascidos de novo.

Estou pensando em nós. Estou pensando que não somos muito diferentes daqueles soldados (sinto em dizer isso).

Nós também jogamos aos pés da cruz. Competimos para obter membros. Brigamos para conseguir posição. Oferecemos juízos e condenações. Competição. Egoísmo. Ganho pessoal. Tudo está ali. Não gostamos do que o outro faz e pegamos então a sandália que nos coube, saindo de mau humor.

Tão perto da madeira, mas tão longe do Sangue.

Estamos tão próximos do acontecimento mais extraordinário do mundo, mas agimos como jogadores comuns reunidos em grupos que se provocam e brigam por causa de opiniões tolas.

Quantas horas de pregação foram gastas falando de coisas triviais? Quantas igrejas caíram em agonia por causa de detalhes? Quantos líderes selaram suas irritações favoritas, empunharam suas espadas de amargura e se lançaram na batalha contra irmãos sobre questões que não valem nem a pena discutir?

Tão perto da cruz, mas tão longe de Cristo.

Nos especializamos em campanhas tipo “eu estou certo”. Escrevemos livros sobre o que o outro faz de errado. Tiramos diploma nos mexericos e nos tornamos peritos em desvendar as fraquezas dos outros. Nos dividimos em pequenos grupos e então, Deus não permita, nos dividimos novamente.

Outro nome. Outra doutrina. Outro “erro”. Outra denominação. O número de nossas divisões é tão grande que não podemos ser catalogados.

Outro jogo de dados. O Senhor deve ficar surpreso.

Nossas diferenças dividem tanto? Nossas opiniões são tão obstrutivas? Nossas paredes tão largas? É assim impossível encontrar uma causa comum?

“Que todos sejam um”, Jesus orou.

Um, Ele disse. Não em grupos de dois mil. Mas um em Um. Uma igreja. Uma fé. Um Senhor.

Não Batista, Metodista, Católico ou Adventista. Nem Quadrangular, da Universal, ou da Mundial. Mas apenas cristãos. 

Nenhuma denominação, ou hierarquia, ou tradições. Apenas Cristo!

Idealista demais? Impossível de alcançar? Não acho. Coisas mais difíceis foram feitas, e você sabe. Por exemplo, uma vez numa árvore, um Criador deu a sua vida pela sua criação. Talvez tudo o que precisamos sejam alguns corações dispostos a seguir esse exemplo.

E você? Pode construir uma ponte. Lançar uma corda? Atravessar um abismo? Orar pela unidade? 

Você pode ser o soldado que presta atenção, fica de pé e lembra o resto de nós, “Olhem, esse é Deus na cruz!”

A semelhança entre o jogo dos soldados e o nosso dá medo. O que Jesus pensou? O que Ele pensa hoje?

O jogo de dados continua, bem aos pés da Cruz.

Quem pregou esse sermão para mim foi um homem chamado Max Lucado. Adaptei de suas palavras para os dias de hoje.

Pr. Sérgio Müller